Clube das Almas Inquietas

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quarta-feira, dezembro 10, 2003

EXORCISMO LITERÁRIO

Quando penso em você,
não conto o tempo pelo calendário
nem pelas horas do dia.
Conto o tempo pelos nãos.
Pelos dias que não lhe vi.
Pelo tanto que não nos falamos.
Pelas vezes que não nos amamos.
Quando penso em você
também lembro do que tivemos
e preencho com sins os nãos que vivemos.
Recrio seu rosto e seu olhar
seu jeito manso de falar
e, mais que tudo,
o que não era preciso explicar.
Quando penso em você
vejo o sorriso que perdi
e a carícia, que não mais dei ou recebi.
Escuto a falta de eco de um riso
e ausência de seu gesto, tão preciso,
ao me tocar e me fazer querer amar.
Quando penso em você
nunca é intencional.
Força eu faço para não lembrar.
Mas é nesses pequenos nãos,
obstinados e teimosos nãos,
que eu me lembro de você.
Sim, eu faço mágica e alquimia,
qualquer truque ou fantasia.
Eu só não sei,
se para esquecer
ou para lhe ver,
de novo.
Um dia.


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