Clube das Almas Inquietas

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segunda-feira, março 22, 2004

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Diz a História que Isaac Newton formulou a lei da gravidade ao descansar sob uma macieira e observar a queda de uma maçã.
Assim, não deve surpreender a ninguém que uma grande descoberta sobre relacionamentos tenha sido feita embaixo do chuveiro.
Cristalina como a água que caía sobre mim, veio-me à mente uma imagem perfeita: Relacionamentos são como sapatos.
Antes que receba olhares penalizados, coitadinha, está variando, ou então olhares de soslaio e sobrancelhas suspeitosamente levantadas, vou explicar a simplicidade e clareza dessa analogia.
Tomava meu banho e filosofava sobre a vida. Enquanto lavava os cabelos, pensava sobre o fim de relacionamentos amorosos, sobre o início, o encantamento, o dia a dia, a crise, a ruptura dolorosa, as tentativas de retorno. Reencontro possível ou término definitivo? Qual é o ponto nevrálgico que delimita a fronteira entre o reparável e o irreparável?
Lembrei-me de minha avó e a vi mais uma vez, com os olhos da memória, numa cena rotineira, eu devia ter uns sete, oito anos, falando de um determinado sapato que lhe era caro:
-Esse pode jogar fora, quebrou a alma.
Lembro-me do susto pela frase inusitada e da pergunta subseqüente, inevitável:
-Sapato tem alma?
Ela me responde que sim, mostrando-me que alma era a sustentação dada pela palmilha no vão da sola do pé. Uma vez rompida esta sustentação, torna-se impossível o reparo do sapato.
Minha avó respondeu às minhas conjecturas. Irreparável então, é quando a alma se quebra.


P.S. Em breve, mais semelhanças entre relacionamentos e sapatos.

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