SEIS GRAUS DE SEPARAÇÃO E O ORKUT
Leio, segunda-feira passada, no caderno de informática de O Globo, que uma novidade se alastra na Web. Trata-se do Orkut, que mistura um segregacionismo esnobe com a teoria dos seis graus de separação.
O filme de mesmo nome, é do diretor australiano Fred Schepisi, estrelado por Stockard Channing, Will Smith e Donald Sutherland e baseado numa peça de John Guare, que por sua vez, inspirou-se na história verídica de David Hampton .
Hampton (1964-2003) criou a falsa identidade de filho de Sidney Poitier para conseguir entrar no Studio 54, no início de 1983. Ganhou não só o acesso a mais famosa boate da época, como virou celebridade, enfronhando-se na alta sociedade nova-iorquina, comendo de graça nos melhores restaurantes, hospedando-se com gente famosa como Melanie Griffith; Gary Sinise e Calvin Klein e deles pegando empréstimos até que, em outubro de 1983, foi finalmente preso e condenado à prisão. Como dizem aqui no Brasil , um tremendo “171”!
O filme refaz a trajetória de Hampton, contando a história de um casal riquíssimo que hospeda um jovem negro, esfaqueado no Central Park, quando este se diz amigo de faculdade de seus filhos e filho ilegítimo do ator Sidney Poitier.
Do que trata, afinal, a teoria dos seis graus de separação?
A premissa desta teoria, também chamada de small world phenomenon , é de que existe uma relação direta entre as pessoas no mundo, através de uma cadeia de relacionamentos de até seis contatos intermediários entre uma pessoa e a outra, mesmo que vivam em lados opostos do mundo. Como exemplo, eu e qualquer leitor deste blog, estaríamos relacionados com um espaço de até seis conhecidos entre nós.
Carlos Alberto Teixeira diz que tudo começou com Marconi, inventor do telégrafo, ao afirmar que depois que o telégrafo fosse difundido, seria possível encontrar qualquer pessoa no planeta, conectando-se a 5,83 pessoas. Arredondando os números, eis os famosos seis graus.
Depois dele, o psicólogo americano Stanley Milgram em 1967, realizou uma experiência, com 160 americanos, conhecida como “Problema do Mundo Pequeno Mundo”.
Carlos Orsi descreve a tal experiência:
“A tarefa envolvia enviar a algumas pessoas pequenos livretos, semelhantes a passaportes. Cada um desses passaportes teria um “alvo”, ou destinatário final.
A pessoas no início da rede deveriam tentar fazer o passaporte chegar ao destinatário final enviando-o, primeiro, para algum conhecido (a definição do experimento era, alguém que você conheça bem o bastante para chamar pelo primeiro nome) que morasse mais perto, ou tivesse alguma chance de conhecer pessoalmente o tal destinatário. A próxima pessoa na cadeia faria o mesmo. E a seguinte. E a seguinte.
Ao enviar o passaporte, cada novo elo da corrente deveria arrancar uma página do livreto, preenchê-la e remetê-la ao cientista, que assim acompanharia o avanço do experimento. O resultado, tal como apresentado por Milgram em 1967, mostrou que a média de ligações entre o elo inicial e o destinatário, no caso das correntes que se completaram, ficava entre dois e dez – média seis; daí a expressão “seis graus de separação”.
Mais recentemente, dois cientistas americanos da Universidade da Califórnia, Duncan Watts e Peter Dodds, resolveram testar a teoria dos "seis graus de separação" aplicada à internet através de e-mails. Utilizaram mais de 60.000 pessoas em 166 países, onde designou-se, a cada participante, uma dentre 18 pessoas-alvo de 13 países diferentes e pediu-se a cada um deles para contactar a pessoa-alvo, enviando um e-mail a pessoas que eles já conhecessem e que acreditassem estarem "mais próximas" ao alvo. As pessoas-alvo foram escolhidas aleatoriamente e incluíam um professor americano, um policial australiano e um veterinário da Noruega”.
Na maioria dos casos, para atingir o alvo, foram necessários entre cinco e sete e-mails, resultado análogo ao de Milgram, o que sugeriu a Watts que o e-mail não trouxe mudanças fundamentais na forma como as conexões sociais são criadas.
Para se ter uma idéia da força da teoria dos seis graus de separação, só no Google estão relacionados mais de 40.000 sites, usando-se o termo em inglês, como referência. Entre eles, o site Six Degrees que faz exatamente isso - busca estabelecer conexões entre pessoas no mundo todo. Falta do que fazer ou não, mais de 2 milhões de pessoas já se registraram.
Para falar do Orkut falei de Fred Schepisi, que se inspirou em John Guare, que romanceou a vida de David Hampton que se utilizou, sem o saber, do poder das conexões previsto por Marconi, o qual inspirou Stanley Milgram, que se tornou referência para Duncan Watts e Peter Dodds.
Se me alonguei tanto, a culpa é dos seis graus de separação.
O Orkut fica para amanhã.
1 Comments:
OLÁ....5 ANOS NOS SEPARA...5X12=60-0=6....INTERESSANTE NÃO ACHA ?.....MUITO PRAZER...SOU JANE
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