Somos todos estranhos. Oscilamos tanto. Ansiamos e receamos ao mesmo tempo.
Queremos, por um lado, o conforto da acomodação, cismando achar que uma
vida sem complicações nos basta. Vida de semitons e de cores mornas, no
máximo, previsível e tão vazia.
Borboletas têm a capacidade extraordinária de produzir alegria - desprovida de razão e de sentido- indiferentes ao que acontece em volta. Coloridas, frágeis, luminosas, vivas, dançam, pagãmente livres, sem parecer ter direção, com um brilho que se espelha no olhar.
Quando elas voam adiante de nós, paramos - deslumbrados por essa alegria repentina que elas provocam - mas temerosos também, de num gesto brusco, assustá-las e elas se forem, tão rapidamente quanto vieram.
O que fazer com esse anseio que surge, de repente?
Porquê esse desejar por algo que faça parecer, de novo, que se tem borboletas na barriga, esse querer por algo que tire os alfinetes de amargura que as prendem, quietas, no fundo?
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