Clube das Almas Inquietas

Bem vindo todo aquele que quer mais do que o cotidiano pode oferecer

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Wendy se encarregava de pôr Jane para dormir. Era esta a ocasião para contar histórias. Jane inventara de puxar o lençol e com ele cobrir a cabeça dela e de sua mãe, fazendo assim como uma tenda. E em meio à horrível escuridão sussurrar:
- O que é que você está vendo agora?
- Parece que hoje não estou vendo nada – respondeu Wendy, com a impressão de que se Naná estivesse ali faria objeção a continuar a conversa.
- Está vendo sim. Vê o tempo quando você era uma menininha.
- Mas isto foi há muito tempo atrás, querida. Meu Deus, como o tempo voa!
- O tempo voa – pergunta a esperta menina – do mesmo jeito que você voava quando era uma meninininha?

Peter Pan _ J. M. Barrie. São Paulo, Hemus Editora, s.d.

Estamos sempre implicados com nossa história, nossa infância. Por mais que o tempo passe ou voe, ela acaba nunca sendo deixada totalmente para trás.
Persiste nos enigmas, nas perguntas sem respostas, no que não foi compreendido ou verdadeiramente experienciado.
Enigmas que ficam alojados em algum lugar da mente, meio "esquecidos", no escuro mais escuro, até que algo os revele novamente.

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