Clube das Almas Inquietas

Bem vindo todo aquele que quer mais do que o cotidiano pode oferecer

terça-feira, fevereiro 17, 2004



Tenho, em mim, uma Nina irremediavelmente criança que adora jardim zoológico, andar na xícara maluca girando até ficar tonta, louca por pipoca, contos de fadas e desenhos animados.
Shrek é adorável. O filme e a música tema. A irreverência e a ironia fina com os clichês, a profunda humanidades dos personagens, os tornam irresistíveis.
O filme brinca com nossas fantasias idealizadas, nem excluindo-as, nem lhes dando estatuto de verdade, mas mostrando-as como são. Fantasias. Nós as temos, e é bom que ela existam, mas sem a compulsoriedade de se realizarem.
Quem nunca sonhou com o tal príncipe ou princesa encantados da infância?
Podem até ter uma roupagem moderninha, variar o figurino, mas da mais alta estirpe de qualquer jeito, destinados a garantir a existência do príncipe e da princesa escondidos em nós.
Estão lá, impecáveis, esperando uma invocação, ou, na linguagem das fadas, à espera de serem acordados de um sono profundo ou retirados de torres altas ou masmorras escuras.
Aspiramos ser príncipes sedutores, princesas encantadoras, merecedores um do outro, equalizados na perfeição. Se achamos que os sonhos têm obrigação de se realizar, teimamos em transformar ogros em príncipes, chamando de ogro todo aquele que não cabe ou não coube no nosso sonho.
Esquecidos que, de plebeus e ogros todos nós temos, ao menos, um pouco.


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