Clube das Almas Inquietas

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sábado, maio 22, 2004

ANOTAÇÕES II

"Rilke, numa carta a Clara Rilke, escreve: "As obras de arte nascem sempre de quem afrontou o perigo, de quem foi até o extremo de uma experiência, até o ponto que nenhum ser humano pode ultrapassar. Quanto mais longe a levamos, mais própria, mais pessoal, mais única se torna uma vida." Mas é necessário ir procurar o "perigo" fora do perigo de escrever, do perigo de exprimir? O poeta não põe a língua em perigo? Não profere a palavra perigosa? À força de ser o eco de dramas íntimos, a poesia não terá recebido a tonalidade pura do dramático? Viver, viver verdadeiramente uma imagem poética, é conhecer, em cada uma de suas pequenas fibras um devir do ser que é uma consciência da inquietação do ser. O ser é aqui de tal maneira sensível que uma palavra o inquieta."

Gaston Bachelard - A poética do Espaço-Tradução de Lídia do Valle Santos Leal-Coleção:Os Pensadores - São Paulo:Nova cultural, 1988. pag. 253-254)

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