ALI, DO OUTRO LADO
O rio estendia-se ao infinito. As águas turvas e caudalosas proibiam qualquer tentativa de vadeá-lo à pé e o homem percebeu que de pouco valeria persistir em margeá-lo. A saída para o trabalho e o assalto a poucas quadras do escritório, quanto tempo antes não sabia, misturavam-se em imagens borradas. Seqüestro?
A cabeça latejante e o corpo dormente o faziam suspeitar de pancada ou queda.
Junto ao rio escuro, a mente parece encontrar um foco: o velho sentado, meio adormecido, num pequeno barco amarrado a um arbusto à beira d´água.
- Senhor, que rio é este? Como faço para atravessar?
-Se tiver duas moedas, eu o levo até o outro lado.
O homem revolve os bolsos achando, enfim, as moedas. Com um único remo longo, o velho orienta a embarcação em direção à margem contrária.
Após algum tempo, o homem repete a pergunta:
- Que rio é este?
- Não sabe onde está?
-Não. Que rio é este?
- O Estiges.
4 Comments:
E ao chegar na outra margem, lerá sobre o portal: Deixai, vós que entrais, a esperança. Que beleza, Nina. Beijo!
PS - por que não mandaste pras raps????
Muito lindo, Nina, adorei! tenho um mini também sobre o barqueiro dos mortos - afinidades de alma.
beijos,
Helena
depois de tanto tempo sem passar por aqui, qual não foi a minha supresa ao chegar e encontrar uma das histórias de meu barco.
te adoro. saudades.
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