Clube das Almas Inquietas

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sexta-feira, outubro 31, 2003

HISTÓRIA DE AMOR

Trânsito lento, a atenção balançando no solavanco do ônibus e o diabo do olho prestando atenção no povo que entra. Sempre fui assim, atenção em gente, que do resto me esqueço de tudo. Via um, via outro. Pela feição, por um trejeito ou um olhar, inventava uma história para o distinto. Nenhum ficava em branco. Melhor assim, o tempo voa e a gente se diverte.
Lembro que primeiro veio o homem. Depois ela. No começo, nem se olhavam. Mas devia ter imã na alma dos dois. Positivo e negativo, um falante, a outra quieta. Os dois naquela idade em que não se abre guarda logo. Muita coisa vivida, tantas, que tem de acostumar primeiro para deixar chegar perto. No começo, desconfia mesmo, imagine, dar garantia, assim, de cara? Nananinanã, tem de vir de mansinho e ir se aboletando pelas beiras. Mas parecia que ia mesmo se chegar.
O que chegou foi o meu destino e fui embora do ônibus.
Não sei como a história se desenrolou, mas a que eu inventei foi linda.

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