FIM DE ANO
There will be time, there will be time
To prepare a face to meet the faces that you meet;
There will be time to murder and create,
And time for all the works and days of hands
That lift and drop a question on your plate:
Time for you and time for me,
And time yet for a hundred indecisions,
And for a hundred visions and revisions,
Before the taking of a toast and tea.
( T.S.Eliot)
O ano quase acabando, a folhinha cada vez mais fina, a agenda cada vez mais cheia de notas e orelhas. Mais um pouco e é tempo de comprar outra agenda, ganhar outro calendário, transbordantes de meses, dias e datas a serem preenchidos, sem que saibamos com o quê.
Não é o ano da folhinha que marca o tempo na vida. É a marca, são as marcas que recebemos e fazemos ao longo dela. Na agenda frente a mim, reconheço marcas dessas marcas: o tempo trabalhado, o encontro marcado, o telefone rabiscado às pressas, datas de aniversário, horário de médico, lista de compra, o dia de viagem, período fértil, idéia de presente, rabisco distraído, compromisso esquecido.
Algumas folhas indicam um tempo maior que o tempo dos dias, tempo liberto das horas, tempo de férias, tempos de encontros, ai que bom, tempos de perda, ai, a dor. Desses tempos, as marcas são outras, gravadas na boca, no olho, no corpo e na casa.
Outras páginas, intocadas, alvos enigmas, sequer deixam vestígio do que se passou, destino merecido de horas em branco.
Folheio minha agenda, e releio minha história, aos saltos, para frente e para trás e no agora, criando outros sentidos, brincando com minhas dúvidas, arranjando outras novas, sem ter certeza de quase nada, mas já desconfiando de algumas coisas, entre elas de que adoro Guimarães Rosa.
P.S. Acabei de receber por e-mail: "Sempre que possível, converse com um saco de cimento. Nessa vida só devemos acreditar naquilo que um dia pode ser concreto”.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home