Clube das Almas Inquietas

Bem vindo todo aquele que quer mais do que o cotidiano pode oferecer

sexta-feira, maio 28, 2004

DENTRO

Nessa cidade do Rio de Janeiro, estou sozinha no quarto, mas não estou sozinha na América. Não estou sozinha no mundo. Recolhida, quieta, mas não isolada.
Não estou só, de jeito nenhum. Dentro de mim convivem muitos. Muitos Eus e muitos outros. É com eles que tenho dialogado, principalmente, num encontro com tantos, vistos por dentro, aqui dentro.
É difícil escrever quando ocupada com estes diálogos, silenciosamente travados, carregados de um intensidade e de uma velocidade tal, que as palavras ficam aquém do sentido sentido. Bem sei que nem os sentidos encontrados, nem o momento, são definitivos. Resultam de alguma coisa, dentro de mim, que veio se avolumando, crescendo, exigindo espaço e tempo para se desvelar.
Preciso me perder de mim para poder me encontrar. Em que outro lugar poderia faze-lo, que não dentro de mim? E lá, dentro de mim, entre o que sinto e o que sinto que sinto, há uma infinidade de sentidos e sentimentos. Há coisas que pensei que fosse, com tanta certeza, que ainda me pergunto se sou ou não. Há tantos que pensei que fossem outros, que também me interrogo se são o que me parecem agora ou se ainda são o que pensei deles, um dia.
Um pouco de paciência, eu peço, meu amigo. Pareço, e certamente estou, auto-centrada. Não sei se mais ou menos que antes, ou apenas me apresento mais exposta, agora. Não é bonito de se dizer ou reconhecer, mas parece necessário, que fazer?

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