CONVERSA COM MEUS BOTÕES
Porque relacionamentos são complicados?
Uma resposta que me vem à mente é quase absurda em sua obviedade. Porque é necessário nos defrontarmos com um outro, com o outro que nunca é como somos.
Qual o lugar desse outro na nossa vida?
Como é possível avaliar um relacionamento?
Por sua constância? Duração? Fidelidade? Recompensas? Serviços prestados?
Muitas vezes as relações são marcadas pela lei do tudo ou nada. Nada menos que tudo é pedido e, com isso, o desapontamento é inevitável.
É como se aquele por quem alguém se apaixone, tivesse o encargo de suprir carências, desvanecer medos, completar experiências, atender a desejos e expectativas. Isso é tão mais comum, quanto menos feliz se foi no passado.
Só reconhece quem conhece. Quem não foi feliz um dia, como pode saber que felicidade não é uma experiência homogênea e contínua? Que não é constante nem possível de ser eternizada? Como saber que completude não se encontra no outro, mas no alívio em se perceber com falhas, mas inteiro?
Se fomos felizes um dia, se encontramos no passado, conforto, segurança e uma certa aceitação de ser quem se é, conseguimos, no presente, suportar as desilusões e manter, dentro de nós, a crença de que, embora nunca sejamos totalmente felizes, a não ser em breves momentos, podemos ser suficientemente felizes em nossos relacionamentos. Mesmo que eles acabem, um dia.
A finitude nos dá a vida de presente. É ela que introduz o passado, o presente e o futuro em nossas vidas. O passado foi o que tivemos, o presente é o que vivemos e o futuro é para onde nossos sonhos apontam.
O grande risco dos relacionamentos é que o futuro também nos indica o que está além de nós, no outro, no acaso e no acidental.
Pensamos que, se soubermos com antecedência o que vai acontecer, estamos nos protegendo e que o conhecimento do futuro irá impedir a dor, o sofrimento e o risco. A previsibilidade busca atingir não só os acontecimentos no meio, mas também os relacionamentos que vivemos. Quando imaginamos que sabemos o que e porquê do comportamento de alguém, talvez não percebamos que há experiências emocionais distintas das vividas por nós.
Também podemos pensar que seria melhor viver sob a lógica do pior – nada vai acontecer, nada é possível esperar.
Que loucura achar que é mais fácil suportar uma resposta cruel e trágica do que o fato de não se saber as respostas!
Há uma música dos Titãs que diz: O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído. Ou seja, suportar este acaso sem que uma preocupação excessiva com ele, nos roube o tempo que poderia ser dedicado a simplesmente viver. Só dessa forma, o que está além de nós e de nosso controle deixa de ser uma ameaça permanente à continuidade da própria existência. O que quer que o futuro nos apresente são contingências da vida.
Todo este processo leva tempo, artigo de luxo em nossos dias de instantaneidade de espaço, localizações e tempos reduzidos.
Estabelecer uma relação é dar tempo para que ela seja construída e cada um dos membros destes relacionamentos possua estatuto de existência pessoal.
É poder reconhecer a existência de limites no nosso poder e no nosso conhecer, ou seja, que não nos seja totalmente insuportável a distância entre o que somos e o que gostaríamos de ser, assim como o que o outro é e o que queríamos que ele fosse.
Aceitar de que, se o outro não é ou não fez o que esperávamos, isso não é, necessariamente, um insulto pessoal ou uma rejeição, mas um gesto pessoal, que pode ser aceito ou não, mas que não precisa ser revidado.
Aceitar o espaço entre um e outro sem que este espaço seja abismo.
Acreditar que uma relação precisa ter possibilidades e não um destino marcado.
Uma resposta que me vem à mente é quase absurda em sua obviedade. Porque é necessário nos defrontarmos com um outro, com o outro que nunca é como somos.
Qual o lugar desse outro na nossa vida?
Como é possível avaliar um relacionamento?
Por sua constância? Duração? Fidelidade? Recompensas? Serviços prestados?
Muitas vezes as relações são marcadas pela lei do tudo ou nada. Nada menos que tudo é pedido e, com isso, o desapontamento é inevitável.
É como se aquele por quem alguém se apaixone, tivesse o encargo de suprir carências, desvanecer medos, completar experiências, atender a desejos e expectativas. Isso é tão mais comum, quanto menos feliz se foi no passado.
Só reconhece quem conhece. Quem não foi feliz um dia, como pode saber que felicidade não é uma experiência homogênea e contínua? Que não é constante nem possível de ser eternizada? Como saber que completude não se encontra no outro, mas no alívio em se perceber com falhas, mas inteiro?
Se fomos felizes um dia, se encontramos no passado, conforto, segurança e uma certa aceitação de ser quem se é, conseguimos, no presente, suportar as desilusões e manter, dentro de nós, a crença de que, embora nunca sejamos totalmente felizes, a não ser em breves momentos, podemos ser suficientemente felizes em nossos relacionamentos. Mesmo que eles acabem, um dia.
A finitude nos dá a vida de presente. É ela que introduz o passado, o presente e o futuro em nossas vidas. O passado foi o que tivemos, o presente é o que vivemos e o futuro é para onde nossos sonhos apontam.
O grande risco dos relacionamentos é que o futuro também nos indica o que está além de nós, no outro, no acaso e no acidental.
Pensamos que, se soubermos com antecedência o que vai acontecer, estamos nos protegendo e que o conhecimento do futuro irá impedir a dor, o sofrimento e o risco. A previsibilidade busca atingir não só os acontecimentos no meio, mas também os relacionamentos que vivemos. Quando imaginamos que sabemos o que e porquê do comportamento de alguém, talvez não percebamos que há experiências emocionais distintas das vividas por nós.
Também podemos pensar que seria melhor viver sob a lógica do pior – nada vai acontecer, nada é possível esperar.
Que loucura achar que é mais fácil suportar uma resposta cruel e trágica do que o fato de não se saber as respostas!
Há uma música dos Titãs que diz: O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído. Ou seja, suportar este acaso sem que uma preocupação excessiva com ele, nos roube o tempo que poderia ser dedicado a simplesmente viver. Só dessa forma, o que está além de nós e de nosso controle deixa de ser uma ameaça permanente à continuidade da própria existência. O que quer que o futuro nos apresente são contingências da vida.
Todo este processo leva tempo, artigo de luxo em nossos dias de instantaneidade de espaço, localizações e tempos reduzidos.
Estabelecer uma relação é dar tempo para que ela seja construída e cada um dos membros destes relacionamentos possua estatuto de existência pessoal.
É poder reconhecer a existência de limites no nosso poder e no nosso conhecer, ou seja, que não nos seja totalmente insuportável a distância entre o que somos e o que gostaríamos de ser, assim como o que o outro é e o que queríamos que ele fosse.
Aceitar de que, se o outro não é ou não fez o que esperávamos, isso não é, necessariamente, um insulto pessoal ou uma rejeição, mas um gesto pessoal, que pode ser aceito ou não, mas que não precisa ser revidado.
Aceitar o espaço entre um e outro sem que este espaço seja abismo.
Acreditar que uma relação precisa ter possibilidades e não um destino marcado.
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