SONHO
O tom de voz, não mais consigo recordar. O relevo do rosto, ainda vívido, misericordiosamente não me arde os olhos. Já sou capaz de escutar o nome, ouvi-lo sendo chamado, vê-lo escrito num letreiro sem que a memória transforme o presente em areal estéril. Tenho me congratulado com meu progresso.
Livre, enfim?
O sonho veio.
Traiçoeiro e insidioso sonho que me leva de volta ao jardim, ao reencontro com a serpente e ao convite de tomar o fruto e sentir seu sumo. Comi-o, outra vez.
À quem pertence a língua que desliza avivando a pele, despertando em cada orifício o desejo de contê-la?
A mim ou à serpente?
Pergunta boba.
Sou serpente também.
John Collier - Lillith (1887)
3 Comments:
Nina,obrigada pela visita aos Plátanos.Aquele poema é de um amigo e expressa exatamente o que disseste.
"Sonho" tocou-me,profundamente,pois fala sobre algo com o qual convivo no momento.Também questiono-me se a língua que desliza sobre a pele, acendendo desejos e levando-me a cometer 'desatinos e loucuras' será da serpente, ou, na realidade, minha e eu não tenho coragem de assumi-la?
Simplesmente me entrego ao sonho...
beijos.Lindo o teu poema e muito verdadeiro.
Onde andas, hein,menina?
Oi!
que bomq apareceu lá no meu blog de primavera!
Adorei este post!
Em épocas de noas construções internas achei bem adequado a reflexão...
beijocas
ueba! Atualização! E de qualidade. Lembrei da Kundalini na coluna. Beijo.
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