TERESA
À princípio, era um vulto. Vago, uma sombra, sem rosto definido, sem forma. Uma promessa de presença, ela diria... Depois, não. Depois, a névoa se dissipou e ela pode reconhecer sua face entre outras, adivinhar a silhueta, perceber uma identidade.
Roberto.
Roberto que, aos poucos, lhe deu vida e corpo. Roberto que lhe mostrou o que era desejo e prazer.
Roberto, que a descobriu adormecida entre panelas, filhos e casa. Roberto, que preenchia seus dias, criava seus sonhos, invadia sua cama.
Com ele, torceu-se entre lençóis e com eles fez sua fuga de uma vida sem dor e sem cor. É prisão, Teresa, ele dizia, vem comigo, vem sem medo.
Teresa hesitava e temia e tremia. Uma vez tinha visto abrirem a gaiola de um porquinho da índia, mesclado de branco e chocolate. Nunca tinha esquecido a reação do bichinho diante da liberdade inesperada. A porta aberta, ao invés de convidar ao mundo, o fizera recuar e ficar no fundo, tremendo por inteiro, tremendo como ela tremia agora, gritando silenciosamente: Não posso, não posso.
Teresa não sabia o que acontecia. Roberto surgia sempre de repente, sem aviso. Ele a tomava em seus braços e a arrebatava para si. Não se pertencia. Pertencia a ele, dono legítimo da mulher que criara.
Por longos períodos, Roberto sumia. Roberto voltava. E de novo sumia, sem aviso ou notificação. Como se não existisse, como se nunca tivesse existido. Teresa não entendia e se desvanecia, pairando no éter, de novo adormecida.
Assim passa a vida de Teresa.
Teresa não sabe que a vida que tem é a vida que vem da memória da vida que Roberto não viveu.
Roberto.
Roberto que, aos poucos, lhe deu vida e corpo. Roberto que lhe mostrou o que era desejo e prazer.
Roberto, que a descobriu adormecida entre panelas, filhos e casa. Roberto, que preenchia seus dias, criava seus sonhos, invadia sua cama.
Com ele, torceu-se entre lençóis e com eles fez sua fuga de uma vida sem dor e sem cor. É prisão, Teresa, ele dizia, vem comigo, vem sem medo.
Teresa hesitava e temia e tremia. Uma vez tinha visto abrirem a gaiola de um porquinho da índia, mesclado de branco e chocolate. Nunca tinha esquecido a reação do bichinho diante da liberdade inesperada. A porta aberta, ao invés de convidar ao mundo, o fizera recuar e ficar no fundo, tremendo por inteiro, tremendo como ela tremia agora, gritando silenciosamente: Não posso, não posso.
Teresa não sabia o que acontecia. Roberto surgia sempre de repente, sem aviso. Ele a tomava em seus braços e a arrebatava para si. Não se pertencia. Pertencia a ele, dono legítimo da mulher que criara.
Por longos períodos, Roberto sumia. Roberto voltava. E de novo sumia, sem aviso ou notificação. Como se não existisse, como se nunca tivesse existido. Teresa não entendia e se desvanecia, pairando no éter, de novo adormecida.
Assim passa a vida de Teresa.
Teresa não sabe que a vida que tem é a vida que vem da memória da vida que Roberto não viveu.
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