Clube das Almas Inquietas

Bem vindo todo aquele que quer mais do que o cotidiano pode oferecer

quinta-feira, abril 12, 2007

SEI QUE CHOVEU À NOITE


Sei que choveu à noite. Em cada poça há um brilho azul e
nítido.
Sobre as telhas, os diabinhos invisíveis do vento escorregam
num louco tobogã.
Um mesmo frêmito agita as roupas nos varais e os brincos
nas orelhas ...
Ó ânsia aventureira! Parece que surgem bandeirolas nos
dedos mágicos dos inspetores do tráfego ... Ah, que
vontade de desobedecer os sinais!
E mesmo as escolas, onde agora está presa a meninada, nunca
essas escolas rimaram tão bem com opressivas gaiolas ...
Só deveria haver escolas para meninos-poetas, onde cada um
estudasse com todo o gosto e vontade o que traz na
cabeça e não o que já está escrito nos manuais.
E, se duvidares, daqui a pouco sairão voando todas as
gravatas-borboletas, enquanto os seus donos atônitos
aguardam o sinal verde nas avenidas. Decerto elas
foram em busca de novos ares ...
Mas sossega, coração inquieto. Não vês? Sob o azul cada
vez mais azul, a cidade lentamente está zarpando para
um porto fantástico do Oriente.

Mario Quintana

P.S. Paulo, um beijo! Como vê, amei o poema. Thanks.

Fonte da Imagem: http://www.tabuademares.blogger.com.br/quintana1.jpg

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