Lisboa revisitada
Há um ano atrás, acordei muito cedo numa fria manhã de outubro.
Uma cidade estranha, nenhum conhecido, apenas uma possibilidade de encontro com uma companheira virtual e 24 horas para uma visita brevíssima à terra de meus antepassados.
Lisboa.
Linda, desconhecida, convidava-me a ser descoberta, convite aceito num gesto de coragem inusitado em uma medrosa profissional, temerosa, mais que tudo, do desamparo e da falta de referências.
A viagem, um repente. Bendito repente.
Passava pouco das sete quando sai à rua de calçadas largas, vazias, e uma leve neblina. Passeei a ermo até o Jardim Botânico. Lá, um táxi, tão disponível quanto eu, como que me aguardava. Nada de city-tours ou visitas guiadas. Queria vagar pela cidade, deixar-me levar por ela, acreditando que meus genes, minha herança e a língua partilhada seriam suficientes a me sustentar neste primeiro gesto de total independência.
Pedi ao motorista que me levasse pela cidade, gosto dele, apontando-me o que mais apreciava. Gentil e hospitaleiro, meu anfitrião não pareceu estranhar o pedido, comprometendo-se a conduzir “a menina” (ganhei o dia!) a pontos estupendos de sua cidade, tão bela.
Alfama, a Baixa, o Rossio, nomes melodiosos, casarios de azulejos, ladeiras e mais ladeiras anunciavam a setes colinas da cidade, como aprendi. Meus olhos quase que reconheciam o que nunca vira, tamanho o meu encanto.
Castelos me fascinam. Nascida numa terra jovem, meus castelos sempre foram de sonho e devaneio. Eu os busco, na terra antiga, para poder dizer: Sim, existem e finalmente neles eu estou. Mal cheguei ao Castelo de São Jorge, dispensei o carro e o condutor. Afinal, mil anos me chamavam.
Apenas eu e um outro casal dividíamos o espaço dentro das muralhas. Num acordo tácito, seguimos um para cada lado, usufruindo, possessivos e egoístas, da posse silenciosa das histórias sussurradas pelas pedras.
Lisboa a meus pés, o Tejo ao fundo, e eu, por um momento, além do tempo e do espaço.
Uma cidade estranha, nenhum conhecido, apenas uma possibilidade de encontro com uma companheira virtual e 24 horas para uma visita brevíssima à terra de meus antepassados.
Lisboa.
Linda, desconhecida, convidava-me a ser descoberta, convite aceito num gesto de coragem inusitado em uma medrosa profissional, temerosa, mais que tudo, do desamparo e da falta de referências.
A viagem, um repente. Bendito repente.
Passava pouco das sete quando sai à rua de calçadas largas, vazias, e uma leve neblina. Passeei a ermo até o Jardim Botânico. Lá, um táxi, tão disponível quanto eu, como que me aguardava. Nada de city-tours ou visitas guiadas. Queria vagar pela cidade, deixar-me levar por ela, acreditando que meus genes, minha herança e a língua partilhada seriam suficientes a me sustentar neste primeiro gesto de total independência.
Pedi ao motorista que me levasse pela cidade, gosto dele, apontando-me o que mais apreciava. Gentil e hospitaleiro, meu anfitrião não pareceu estranhar o pedido, comprometendo-se a conduzir “a menina” (ganhei o dia!) a pontos estupendos de sua cidade, tão bela.
Alfama, a Baixa, o Rossio, nomes melodiosos, casarios de azulejos, ladeiras e mais ladeiras anunciavam a setes colinas da cidade, como aprendi. Meus olhos quase que reconheciam o que nunca vira, tamanho o meu encanto.
Castelos me fascinam. Nascida numa terra jovem, meus castelos sempre foram de sonho e devaneio. Eu os busco, na terra antiga, para poder dizer: Sim, existem e finalmente neles eu estou. Mal cheguei ao Castelo de São Jorge, dispensei o carro e o condutor. Afinal, mil anos me chamavam.
Apenas eu e um outro casal dividíamos o espaço dentro das muralhas. Num acordo tácito, seguimos um para cada lado, usufruindo, possessivos e egoístas, da posse silenciosa das histórias sussurradas pelas pedras.
Lisboa a meus pés, o Tejo ao fundo, e eu, por um momento, além do tempo e do espaço.