Clube das Almas Inquietas

Bem vindo todo aquele que quer mais do que o cotidiano pode oferecer

terça-feira, novembro 24, 2009

Resoluções de Ano Novo, de Ano Velho e de meia idade.

Quem nunca tomou resoluções que mudariam a sua vida de forma radical? Quem nunca presenciou muitas destas resoluções irem pelo ralo sem sequer um esboço de gesto que endossasse a bendita resolução?
Fazer regime, entrar para a academia, mudar de empresa, casa, marido, empregada, mudar de vida? Escrever um livro, virar cinesta, enfrentar a mãe, sogra, diminuir os peitos e esticar a testa? Transar com aquele amigo de anos que você sempre achou um tesão, ir a Bali, morar em Paris seis meses para falar francês com biquinho, entrar para um site de namoro e procurar namorado na internet? Olhar para um homem interessante e flertar descaradamente? Fazer teatro, cerâmica e o caminho de Santiago?
Mil resoluções. Como transformar a intenção em gesto? O que transmuta o desejo em ato?

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segunda-feira, novembro 23, 2009

Bem vinda, bem-vinda ou benvinda ?

Não foi a primeira vez que meu gesto de acolhida recolheu-se ante a dúvida gramatical. Bem-vinda, bem vinda ou benvinda? Anteriormente, a fim de preservar o gesto e proteger a gramática, usei o velho truque dos ciosos com a última flor do Lácio: mudo a palavra, altero a frase, corro para o terreno seguro das certezas gramaticais.
Isso foi antes do maior milagre da civilização após o fogo e o Semorim - o salvador, o magnífico, o onisciente, o indispensável Google!
Reproduzo abaixo a pergunta e a resposta encontradas numa enquete feita pelo Yahoo:
Como fica a expressão bem-vindo na reforma ortográfica?
A melhor resposta foi a de Mario: "A regra geral diz que compostos cujo primeiro elemento seja bem e cujo segundo elemento inicie por vogal ou h são escritos com hífen, como bem-apanhado e bem-humorado.
Caso o segundo elemento inicie por consoante, pode-se aglutinar ou escrever com a grafia antiga.
Portanto você pode escrever bem-vindo ou benvindo. Contudo, já que se pode optar, é recomendável que se escrevam aglutinados somente os exemplos citados no acordo (benfazer, benquerer, benquerido) e seus derivados (benfeito, benquerença, etc...), e manter o restante com a grafia antiga, sendo preferível a forma bem-vindo."

Já benvinda não registra concordância geral. Alguns aceitam a forma benvindo ou benvinda e outros só aceitam quando de trata de nome próprio como na música Benvinda de Chico Buarque.
independente de regras e formas de uso, que seja soberano o abraço e o sorriso!
Bem-vinda!

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quinta-feira, novembro 19, 2009

Oscar Wilde ( ele não é o máximo?) e os amigos

Loucos e Santos
                                     Oscar Wilde

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

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sexta-feira, novembro 06, 2009

Joshua Bell, Oscar Wilde e a diva








Já havia lido sobre o assunto, mas recebi de um amigo hoje o vídeo sobre a performance do famoso violinista Joshua Bell no metrô de nova York.


Querido, bom dia.
Obrigada por ter me mandado o pps. Eu já havia lido sobre esta "experiência" feita pelo Joshua Bell. Faz-nos pensar, não?
Indo um pouco além do óbvio, da postura virtuosa de “ó, veja como beleza real é ignorada sem os artifícios costumeiros”! Fato é que o contexto é fundamental. É ele que nos ajuda a ter parâmetros, quer queiramos ou não. A não ser em circunstâncias peculiares e particulares, não notamos especialmente alguma coisa sem que determinados signos da cultura nos assinalem seu valor.
Lastimável, mas totalmente humano. Como diria Oscar Wilde: “O verdadeiro mistério do mundo é o visível, não o invisível”. Você deve estar se perguntando: Caramba, o que faz esta mulher me lançar um papo cabeça a esta hora da manhã?
Um: Acordei cedo demais por estar num dia muito difícil. Hoje não posso lhe falar sobre isso, mas fazer estas elucubrações me ajudou a sair um pouco do terreno mais concreto e mais doloroso do luto e da perda.
Dois: Adoro séries de TV. No meu despertar na madrugada, vi um episódio de uma série nova chamada Drop Dead Diva. Nela, uma linda, magra e jovem modelo é morta e, por um acidente metafísico, é reencarnada no corpo de uma não tão jovem e gorda advogada. Eis a personagem principal lançada entre dois mundos: o dos magros e dos gordos. Bem maniqueísta, a advogada é linda por dentro e, pelas mãos dos deuses roteiristas, seu ex-noivo vem trabalhar com ela. Claro que ele não a reconhece nem volta a amá-la, apesar de ela ajudá-lo e ele passar a reconhecer e admirar sua inteligência e sensibilidade. Ah, nossa jovem e linda modelo era linda, mas não muito inteligente e não muito sensível.
Tem uma Joshua Bell de pessoa tocando no metrô com poucos a perceber beleza de sua execução.
Faz-nos pensar. Principalmente aqueles que freqüentam o mundo dos gordos.

Mil beijos

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