Clube das Almas Inquietas

Bem vindo todo aquele que quer mais do que o cotidiano pode oferecer

segunda-feira, outubro 24, 2005

Referendo sobre o desarmamento: Um circo sem pão

Criado pelos imperadores romanos há séculos atrás, o estratagema do " Pão e Circo" vem sendo usado em diversos momentos críticos da política mundial e de nosso país. Um estratagema que tem sido reduzido ao circo, o pão subtraído do pacote, certamente por motivo de economia.
A política do Pão e Circo consistia em que receosos de que, devido às condições economicas e sociais críticas da época, com a corrupção dentro do governo, gastos desmedidos, incompetencias administrativas houvesse uma sublevação, uma revolta popular. Com o poder enfraquecido, os políticos, decidiram em conclave que o ideal era abstrair o povo da realidade. O imperador acreditava que oferecendo aos romanos alimentação e diversão, a população carente acabaria esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de revolta.
O referendo sobre o desarmamento foi um circo. Um circo a que o povo respondeu não. Não respondeu não ao desarmamento, não respondeu sim ao belicismo e à violência social que grassa alarmantemente entre nós.
Respondeu não à violência da desfaçatez governamental que atribui excluisvamente ao indivíduo a responsabilidade pelo problema social para o qual este governo foi eleito com o compromisso público de buscar soluções ambrangentes e eficazes.
O governo devia ler mais a História. Ela lhe ensinaria que a política do Pão e Circo foi ineficiente.
O Império Romano ruiu.
Que o governo aprenda com o passado.

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terça-feira, outubro 18, 2005

Ai que saudade que eu estava de escrever mais livremente, onde escrever é como conversar com um interlocutor invisível que eu sei existir em algum lugar.
Alguém pode perguntar: Mas quem te obrigou a ser menos livre?
Eu já respondo: Meu lado não crescido.
Meu aprendizado sobre gêneros, estrutura, temas, projetos, discursos diretos e indiretos tem alimentado um tutor interno implacável e exigente, muito pouco tolerante aos erros, com a mania de hierarquizar estilos e formas em melhores ou piores. Em síntese, um chato.
Fico me sentindo como se tivesse voltado a ser adolescente - o que não é de todo mau, pensando bem - que não admitia sair de casa sem rímel, batom, brincos e perfume e fazia uma força enorme para mostrar-se séria e madura. Adulta.
Aqui estou eu, meio engessada com tudo que venho aprendendo e fazendo uma força danada para deixar de ser cronista, nome oficial de quem faz texto conversador.
O que, no fim das contas, é uma tolice. Não preciso ser só cronista ou só contista. A minha cabeça, ainda adolescente, se esquece de que a maior vantagem da maturidade é não ter de fazer e sim, escolher.

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sexta-feira, outubro 14, 2005

Oficinas literárias do SESC e Balaio de Textos

COMUNICADO A USUÁRIOS/AS DO BALAIO DE TEXTOS E DAS OFICINAS LITERÁRIAS DO SESC- ON LINE


Em 1998, o escritor João Silvério Trevisan foi contratado para criar o Espaço Literário, dentro do site do SESC-SP. Como parte do Espaço, iniciaram-se em 1999 duas atividades elaboradas e coordenadas por esse escritor: a Oficina Virtual de Texto Literário e o Balaio de Textos Literários. A Oficina Virtual ocorria uma vez a cada semestre do ano, atingindo um público de escritores/as iniciantes de todas as idades. A Oficina Virtual funcionava mediante inscrições gratuitas no site – chegando a ter, em alguns casos, 160 inscritos/as de todo o país e do exterior. Daí eram selecionadas de 8 a 10 pessoas por oficina, que durava 3 meses cada uma, cumprindo um extenso programa de treinamento criado por João Silvério Trevisan. Os encontros ocorriam duas vezes por semana, de 3 horas cada, perfazendo um total de 75 horas no mínimo. Já o Balaio de Textos era um programa semanal aberto ao público interessado, que funcionava de maneira autônoma, não precisando de inscrições. Nele discutiam-se contos e poemas selecionados por João Silvério Trevisan, dentre o material que lhe era enviado por escritores/as, freqüentadores ou não do site. Em ambos os casos, os debates ocorriam em salas de chat, quase sempre emprestadas do UOL. Tratava-se de duas atividades literárias inéditas na Internet, cujo sucesso podia ser medido por seu crescente prestígio. Tanto as Oficinas Literárias quanto o Balaio de Textos foram objeto de dissertações em universidades do país, por seu cunho desbravador no campo de atividades literárias pedagógicas na internet. E o próprio SESC-SP chegou a publicar um livro com textos de alguns autores/as das oficinas.

Em julho último, o SESC-SP decidiu unilateralmente cancelar a renovação do contrato com João Silvério Trevisan. Encerraram-se assim quase 7 anos de funcionamento ininterrupto dessas duas atividades, que duraram de abril de 1999 até 30 de setembro de 2005. Nesse período, ocorreram 13 oficinas literárias (duas por ano), tendo passado por elas em torno de 110 escritores/as brsileiros/as do país e do exterior, que cobriam as mais diversas profissões -- de psicanalistas, professores universitários, advogados e políticos até estudantes, donas de casa e aposentados, cujas idades variavam de 20 a 75 anos. No Balaio de Textos, programa de debates semanais, ocorreram em torno de 304 encontros, nos quais analisaram-se textos em prosa ou poesia de quase 300 autores/as, em geral iniciantes. Calculadamente, pode-se dizer que em torno de 2.000 diferentes autores/as enviaram material para análise no Balaio, no período de funcionamento.

Conforme comunicado pessoal a João Silvério Trevisan em julho do corrente ano, a suspensão das atividades ocorreu sob pretexto de que o site do SESC-SP mudara seu foco: ao se transformar em portal, passou a oferecer serviços e deixou de promover atividades on line. Como os serviços oferecidos no Portal tinham um número de acessos significativamente maior do que as atividades até então presentes no site, os programas literários do escritor João Silvério Trevisan não mais interessavam ao SESC-SP. O segundo pretexto apresentado foi que, somando todos esses anos de atividade, os contratos várias vezes renovados do escritor João Silvério Trevisan caíam sob a Lei de Licitação, podendo criar problemas junto aoTribunal de Contas da União (TCU). Daí a necessidade de não renovar o contrato e, automaticamente, suspender os programas, providências essas formalizadas pelo SESC-SP em 30 de setembro último.

Em protesto, os usuários/as das atividades literárias canceladas geraram um movimento que se alestrou por inúmeros sites, revistas on line e blogs, durante 3 semanas de tensa negociação (links seguem abaixo). O SESC prometeu vir a público com um comunicado que explicasse os reais motivos do cancelamento dessas atividades, mas isso nunca ocorreu. O último fato a engrossar o debate é a criação do grupo virtual VIÚVAS DO BALAIO(contato abaixo), que inaugurou suas atividades no dia 23/outubro/2005, para discutir o cancelamento das referidas atividades e o silêncio do SESC a respeito.

São Paulo, 14 de outubro de 2005.

www.rosebud.rose.bud.zip.net
www.cronopios.com.br (café literario e a carta)
http://cadernos-da-belgica.blogspot.com/
http://kayua.zip.net/
http://blogdoconto.zip.net/
http://www.clubedasalmasinquietas.blogspot.com/
http://www.ovoazulturquesa.blogspot.com/
http://porcaseparafusos.blogbrasil.com/
http://www.caminhosdepapel.blogspot.com/
http://www.blocosonline.com.br/home/index.php
http://www.meiotom.art.br//
http://maonacumbuca.blogspot.com/
http://www.leialivro.sp.gov.br/default.asp
VIÚVAS DO BALAIO: Marcelo Domingues D'Ávila (coordenador) mddavila@v-expressa.com.br

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