Clube das Almas Inquietas

Bem vindo todo aquele que quer mais do que o cotidiano pode oferecer

sábado, janeiro 28, 2006

Sincronicidade

Sincronicidade é fato.
Depois de afastamentos, férias, introversão e também uma certa preguiça, devo confessar, voltei ao clube.
Hoje cedo,ao arrumar alguns arquivos, encontrei o texto sobre o sonho no meio de vários não publicados. Decidi postá-lo e visitar alguns blogs de amigos.
Vou ao site da Mhel e leio:
“Porque há desejo em mim, é tudo cintilância”
( Hilda Hilst )
Visito a Tania que escreve um canto de saudade e lamento.
Tive a nítida sensação de que o sonho da serpente fala de um terceiro tempo, onde está presente o presente que cintila e o passado sombreado.

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SONHO


O tom de voz, não mais consigo recordar. O relevo do rosto, ainda vívido, misericordiosamente não me arde os olhos. Já sou capaz de escutar o nome, ouvi-lo sendo chamado, vê-lo escrito num letreiro sem que a memória transforme o presente em areal estéril. Tenho me congratulado com meu progresso.
Livre, enfim?

O sonho veio.
Traiçoeiro e insidioso sonho que me leva de volta ao jardim, ao reencontro com a serpente e ao convite de tomar o fruto e sentir seu sumo. Comi-o, outra vez.
À quem pertence a língua que desliza avivando a pele, despertando em cada orifício o desejo de contê-la?
A mim ou à serpente?





Pergunta boba.
Sou serpente também.


John Collier - Lillith (1887)

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