Clube das Almas Inquietas

Bem vindo todo aquele que quer mais do que o cotidiano pode oferecer

segunda-feira, junho 28, 2004

OSCAR

Oscar, antes chamado de Scarlett, captura corações num bote rápido, preciso e sorrateiro. Felinamente, preencheu a casa de malícia e humor, mostrando que amor pode ser profundo sem ser grudento ou subserviente.
Sábado, Oscar caiu da varanda, de uma altura de seis andares e está em uma UTI veterinária, saindo agora de uma condição crítica.
Vai precisar de uma cirurgia, mas espero que em breve venha se aninhar perto do computador, ouvindo música, companheiro nas escritas do Clube.

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domingo, junho 20, 2004

SOBRE CÃES, GATOS E OUTROS BICHOS

Fui criada numa casa imensa, quase uma chácara, na cidade.
Cada membro da família tinha direito a seu animal de estimação, havendo espaço e afeto para todos. Peixes, pássaros, hamsters, tartarugas, e até mesmo um mico, um filhote de jacaré e uma garça conviveram no imenso espaço verde, repleto de mangueiras, pés de sapoti, de jabuticaba e romã de minha infância.
Os cães eram uma presença constante e significativa. Sempre de médio porte- um collie, dois pastores alemães, alguns vira-latas e as favoritas, duas setter irlandesas, tão mimadas que desconheciam sua condição canina.
Não era raro encontrar uma rolinha, um passarinho qualquer, morto sem uma gota de sangue derramada, depositado sobre a cama de alguém, uma oferenda amorosa aos membros não caçadores do clã.
Assim, embora tenha adquirido um relativo conhecimento sobre bichos, curiosamente, nada aprendi sobre gatos, a experiência de convívio com eles reduzida a uma relação fria e distante com um pedante angorá, protegido de minha avó.
Mais tarde, morando em apartamentos, os contatos com animais ficaram restritos a tartaruguinhas, peixes Beta e um ou outro hamster, nunca muito satisfatórios, como animais de estimação. Finalmente, em janeiro deste ano, sucumbi aos pedidos das filhas e, lembrando-me da importância de meu passado zoológico e desta presença na vida cotidiana, pensando nas vantagens e desvantagens acerca de cuidados em apartamentos, uma gatinha veio morar conosco.



Scarlett chegou aqui com 40 dias, minúscula,encantadora, sem raça definida, uma bolinha rajada em tons de bege, caramelo e laranja, com olhos azuis que foram esverdeando com o tempo. O nome,uma homenagem à protagonista de “E O Vento Levou”.
Desde o primeiro momento, Scarlett tornou-se imperatriz inconteste em nossa família. Quando alguém chega em casa, a primeira pergunta é onde ela está, o primeiro gesto é tomá-la no colo, privilégio disputado com ciúmes e rivalidade, num mimo escandaloso de mães de primeira viagem.
Ontem, pela primeira vez, Scarlett foi a uma loja de animais, para uma sessão de embelezamento: Banho, corte das unhas, limpeza dos ouvidos, pacote completo.
As meninas foram buscá-la, ansiosas em ver o resultado do tratamento caprichado.
A moça da loja volta com ela no colo, o pelo brilhante e sedoso realçado por uma pequena gravata borboleta de vermelho vívido e, entregando o bichano na mão das meninas, comenta:
-Seu gato ficou muito bonito!
Para completo choque das duas, ao contestar o tratamento de gênero dado ao bichinho recebem uma notícia espantosa:
Ela é ele!


Tenho tentado descobrir um novo nome para a gata, oops, gato.
As meninas se recusam a mudar.
E agora?
Andei pensando em Tootsie. Será que elas topam?






PS_ Chico Buarque fez 60 anos ontem. Entre outras obras primas, Chico escreveu o musical infantil Os Saltimbancos de onde retirei o fundo musical deste post. Viva Chico!





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quarta-feira, junho 16, 2004

FRASE


Acabei de receber por e-mail e li e reli e achei que faz todo o sentido:

" Quando a gente pensa que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas"

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terça-feira, junho 15, 2004

Na Academia de Ginástica

Tenho sérias restrições a academias de ginástica. Sérias e Fundamentadas.


Acabei de rescindir meu contrato com uma, perto de casa.
Paguei dois meses de mensalidade, exame médico, avaliação funcional, comprei umas roupas bonitinhas e, depois de dois meses, não fiquei mais sarada.
Nem um mísero centímetro a menos!
Quando fui cancelar, revoltada pela ineficiência da academia, só aí é que a gracinha da secretária me disse que eu teria que, além de pagar, freqüentar!
Ora, tenha a santa paciência!
Saí do mesmo jeito!

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quarta-feira, junho 09, 2004

CONVERSA COM MEUS BOTÕES

Porque relacionamentos são complicados?
Uma resposta que me vem à mente é quase absurda em sua obviedade. Porque é necessário nos defrontarmos com um outro, com o outro que nunca é como somos.
Qual o lugar desse outro na nossa vida?
Como é possível avaliar um relacionamento?
Por sua constância? Duração? Fidelidade? Recompensas? Serviços prestados?
Muitas vezes as relações são marcadas pela lei do tudo ou nada. Nada menos que tudo é pedido e, com isso, o desapontamento é inevitável.
É como se aquele por quem alguém se apaixone, tivesse o encargo de suprir carências, desvanecer medos, completar experiências, atender a desejos e expectativas. Isso é tão mais comum, quanto menos feliz se foi no passado.
Só reconhece quem conhece. Quem não foi feliz um dia, como pode saber que felicidade não é uma experiência homogênea e contínua? Que não é constante nem possível de ser eternizada? Como saber que completude não se encontra no outro, mas no alívio em se perceber com falhas, mas inteiro?
Se fomos felizes um dia, se encontramos no passado, conforto, segurança e uma certa aceitação de ser quem se é, conseguimos, no presente, suportar as desilusões e manter, dentro de nós, a crença de que, embora nunca sejamos totalmente felizes, a não ser em breves momentos, podemos ser suficientemente felizes em nossos relacionamentos. Mesmo que eles acabem, um dia.
A finitude nos dá a vida de presente. É ela que introduz o passado, o presente e o futuro em nossas vidas. O passado foi o que tivemos, o presente é o que vivemos e o futuro é para onde nossos sonhos apontam.
O grande risco dos relacionamentos é que o futuro também nos indica o que está além de nós, no outro, no acaso e no acidental.
Pensamos que, se soubermos com antecedência o que vai acontecer, estamos nos protegendo e que o conhecimento do futuro irá impedir a dor, o sofrimento e o risco. A previsibilidade busca atingir não só os acontecimentos no meio, mas também os relacionamentos que vivemos. Quando imaginamos que sabemos o que e porquê do comportamento de alguém, talvez não percebamos que há experiências emocionais distintas das vividas por nós.
Também podemos pensar que seria melhor viver sob a lógica do pior – nada vai acontecer, nada é possível esperar.
Que loucura achar que é mais fácil suportar uma resposta cruel e trágica do que o fato de não se saber as respostas!
Há uma música dos Titãs que diz: O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído. Ou seja, suportar este acaso sem que uma preocupação excessiva com ele, nos roube o tempo que poderia ser dedicado a simplesmente viver. Só dessa forma, o que está além de nós e de nosso controle deixa de ser uma ameaça permanente à continuidade da própria existência. O que quer que o futuro nos apresente são contingências da vida.
Todo este processo leva tempo, artigo de luxo em nossos dias de instantaneidade de espaço, localizações e tempos reduzidos.
Estabelecer uma relação é dar tempo para que ela seja construída e cada um dos membros destes relacionamentos possua estatuto de existência pessoal.
É poder reconhecer a existência de limites no nosso poder e no nosso conhecer, ou seja, que não nos seja totalmente insuportável a distância entre o que somos e o que gostaríamos de ser, assim como o que o outro é e o que queríamos que ele fosse.
Aceitar de que, se o outro não é ou não fez o que esperávamos, isso não é, necessariamente, um insulto pessoal ou uma rejeição, mas um gesto pessoal, que pode ser aceito ou não, mas que não precisa ser revidado.
Aceitar o espaço entre um e outro sem que este espaço seja abismo.
Acreditar que uma relação precisa ter possibilidades e não um destino marcado.

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terça-feira, junho 08, 2004

Templates

Depois do vexame do fim de semana, resolvi tentar fazer uma plástica no blog.
Descobri que novos templates estavam sendo oferecidos e aí está o clube redecorado.
Só que na redecoração perdi todos os links inseridos para os outros blogs, música, etc.
Agora também perdi os comentários gerados pelo Haloscan.
Caramba!
Vou tentar recuperar os links perdidos, bem devagarzinho, para, como diria minha avó, não despir um santo ao vestir outro.
Desejem-me sorte e um mínimo de bom senso.

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sábado, junho 05, 2004

SAWABONA OU SAWUBONA

Pedro envia-me um e-mail, um belíssimo texto de Flavio Gikovate, intitulado SAWABONA. Ao final, o autor acrescenta um P.S:

“Caso tenha ficado curioso(a) em saber o significado de "SAWABONA", é um cumprimento usado no sul da África, quer dizer "EU TE RESPEITO, EU TE VALORIZO, VOCÊ É IMPORTANTE PRA MIM". Em resposta as pessoas dizem "SHIKOBA" que é "ENTÃO EU EXISTO PRA VOCÊ".”

Curiosa que sou fui pesquisar mais sobre esta palavra que me fascinou pela densidade do significado.
Sawabona, ou como é encontrado com mais frequencia nos textos em inglês, sawubona, é uma palavra de origem zulu, utilizada como comprimento, cujo significado geral é “olá”. Dizemos em zulu: "Sawubona. Ninjani?
O significado literal, pelo que pesquisei, é “eu vejo você”.
Encontrei, também, uma entrevista de Pontso Pakkies onde ele dá o testemunho de sua compreensão da palavra, desde a infância até 'a vida adulta, muito interessante e de onde, talvez, Gikovate tenha retirado sua definição. Associo ao que Flávio Gikovate escreveu em seu texto e ao que Pakkies testemunhou.
Ver alguém é mais que olhar. É reconhecer uma presença. Ver um outro diante de mim e, ao mesmo tempo em que reconheço a singularidade de sua presença, só o faço pelo reconhecimento do semelhante em mim.

Por isso, SAWUBONA!

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quinta-feira, junho 03, 2004

Feliz Aniversário!

Dias...o ano os tem aos trocentos...e sessenta e cinco, para ser mais exata.
Alguns dias passam sorrateiros, outros, pálidos e exangues. Pode haver alguns com audácia e aventura. Alguns ternos, muitos doces, vários tristes, poucos perfeitos.
Eu poderia, minha amiga, lhe enumerar trezentas qualidades para cada dia. Escolhi falar, entretanto, de um dia em especial: o dia do aniversário. Por mim, o ano começava por ele. Cada um começava seu ano celebrando a própria vida. Acordando e vivendo este dia como quem abre um presente do qual não temos idéia do que seja.
Será o que faltava do momento incompleto? Será um novo, que assusta e deslumbra? Algo conhecido, mas amado? Ou brincadeira do destino, ironia da vida?
A maneira como se recebe um presente diz muito sobre como se vive. Diz muito sobre acreditar na vida e no viver.
Há tantas formas e maneiras... Podemos buscar, curiosos, os sinais externos a revelar o que contém... Podemos, lentamente, abrir as fitas, desdobrando o invólucro, receosos. Ou metodicamente, sem entusiasmo... Ou afobados, rasgando tudo, mal usufruindo o prazer de receber. Ou ainda desdenhosos, nem abrimos, deixando de lado, o presente abandonado. Ou melhor, amorosamente, sentindo o toque do papel nos dedos, a forma do presente, vendo no rosto de quem deu o prazer da dádiva bem recebida. Sentindo, no próprio corpo, o calor da acolhida.
Cada aniversário é um presente do Criador. É uma celebração. Independente de como este ano se passou, sobrevivemos a ele, não nos esgotou. Uma nova idade é uma novidade.
Você recebe a vida com um olhar de criança e abre o presente de seus dias como poucas pessoas o sabem fazer. Você é uma celebração da vida, como vive. Sei que irá receber esta novidade que é sua nova idade com a profunda sabedoria, o talento e a sensibilidade que os deuses lhe deram ao nascer.
Feliz Aniversário!


Um beijo.

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terça-feira, junho 01, 2004

A PANTERA ATACA DE NOVO

Prometo solenemente nunca mais mexer nos templates do blog.
Cada vez que mexo, uma trapalhada.
Palavra de sobrinha do Inspetor Clouseau.

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